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Explicar, apresentar e ter uma definição que seja absoluta, clara, única e compreensível a todos sobre o que é dança contemporânea não é tarefa fácil. Porque, de fato, “a” dança contemporânea não existe se a intenção for definir “um” conceito que possa dar conta da complexidade desse estilo. A dança contemporânea é um campo de conhecimento, amplo, aberto, vivo, pleno de infinitas possibilidades de criação artística. Abordá-la implica, antes de tudo, pensar no conceito de contemporaneidade. É contemporâneo tudo aquilo que distingue o nosso tempo - o presente - do tempo anterior - o passado. Desta maneira, pode-se dizer que a dança contemporânea é reflexo do seu espaço-tempo, do pensamento dos artistas da sua época e da subjetividade individual do seu espectador. É, portanto, também, um estilo em constante construção e transformação.

 

O que se sabe de concreto sobre dança contemporânea é que ela deu aos seus praticantes a possibilidade de criar, inovar, romper com normas, regras e padrões hierárquicos, revelando assim, diferentes formas de linguagem expressiva do corpo. Em outras palavras, ela permitiu que cada um forjasse para si um suporte técnico que melhor lhe conviesse para dançar, podendo este ser algo totalmente original ou recorrente de combinações com outros estilos e movimentos já existentes, tais como a capoeira, as técnicas circenses, as danças folclóricas e populares, as artes marciais, as atividades cotidianas tais como andar, correr, etc.

 

Fica perceptível, portanto, que para a dança contemporânea não existe a negação de absolutamente nada. Tudo pode e é reapropriado e aceito. O diálogo com outras expressões artísticas, tais como o teatro, artes plásticas, performance, literatura, cinema, musica e tecnologia, que a dança contemporânea estabeleceu provocou fusões estéticas coreográficas riquíssimas seja para o praticante da modalidade, seja para quem a aprecia.

 

Em obras produzidas Brasil afora percebe-se muito o uso do silêncio, da fala, dos corpos nus, dos ruídos sonoros, da luz branca, do palco vazio, da interação com o público, do humor, dos movimentos frenéticos ou da falta de movimentos, do uso de novas tecnologias, de gestos, etc. É o uso de todos os recursos e particularidades mencionadas aqui que nos permitem reconhecer e distinguir a dança contemporânea entre todas as demais.

 

“Num mundo de tantas conquistas e descobertas sobre nós, seres humanos, seria no mínimo redutor ficar tratando a dança como apenas uma repetição mecânica de passos bem executados. Fazer tais passos, na música, ursos, cavalos e poodles também fazem. Creio que o ser humano pode ir mais longe que isso. Talvez este seja o incômodo proposto por esta tal de dança contemporânea” (Airton Tomazzoni,“Essa tal dança contemporânea”)

\\ A dança contemporânea

 

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